sexta-feira, 4 de abril de 2014

Poesia à sexta



Quando Vier a Primavera, Alberto Caeiro - Pedro Lamares
Quando vier a Primavera, 
Se eu já estiver morto, 
As flores florirão da mesma maneira 
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada. 
A realidade não precisa de mim. 

Sinto uma alegria enorme 
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma 

Se soubesse que amanhã morria 
E a Primavera era depois de amanhã, 
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã. 
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? 
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; 
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. 
Por isso, se morrer agora, morro contente, 
Porque tudo é real e tudo está certo. 

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. 
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. 
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. 
O que for, quando for, é que será o que é. 

4 comentários:

  1. É uma poesia moderna? Embora goste deste poema, não conheço o autor.

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  2. Cara Agnieszka,

    Alberto Caeiro é um dos heterónimos de Fernando Pessoa

    Poderá ficar a saber um pouco mais aqui (http://www.infopedia.pt/$alberto-caeiro)

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  3. Muito obrigada. Eu sei que ele usava heterónimos, mas não lembro todos. Porém gosto de ler poesia de Fernando Pessoa. Agora vejo que tenho de estudar mais sobre a cultura portuguesa ;)

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  4. De nada, Agniezka. O objetivo deste blogue é, exatamente, o de divulgar e dar a conhecer aspetos da língua e cultura portuguesa.

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